quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Coutinho defende crescimento da poupança privada para financiar projetos de infraestrutura


Coutinho defende crescimento da poupança privada para financiar projetos de infraestrutura
Marli Moreira

Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Luciano Coutinho, defendeu hoje (27) que o Brasil deve ter como
meta o crescimento da poupança privada em moeda nacional para financiar
projetos em infraestrutura e, assim, ficar menos dependente de capital
estrangeiro ou da disponibilidade de um banco de fomento como o BNDES.

"Se o mercado interno não se desenvolve ou bem vai depender do mercado externo
ou bem teria que agigantar o BNDES. Como nenhuma das duas [possibilidades] é
[algo] desejável, precisamos desenvolver o mercado em reais", disse, depois do
2 Seminário sobre Financiamento de Longo Prazo, promovido em conjunto pelo
BNDES e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Segundo Coutinho, no caso do financiamento externo, existem riscos de impacto
sobre o balanço das empresas já que elas fazem a captação dos recursos em moeda
estrangeira, mas têm o faturamento em real, o que "provoca um descasamento".
Para ele, ao passar por um momento de crescimento sustentado da economia, com
grandes chances de continuar evoluindo, o país tem de buscar a ampliação de
fontes de crédito por meio de emissões de debêntures e de outros papéis no
mercado financeiro. "A poupança está estacionada em papéis públicos e o
desejável é que fosse em direção aos papéis privados", defendeu.

O presidente do BNDES prevê que, no curto e médio prazo, o Comitê de Política
Monetária (Copom) ainda terá de manter a taxa básica de juros, a Selic, em
taxas mais elevadas como mecanismo de controle inflacionário, mas, na sua
opinião, a longo prazo, os índices tendem a cair.

Em palestra no seminário, ele estimou que os investimentos brasileiros em
infraestrutura deverão crescer entre 8% a 10%, incluindo melhorias em
aeroportos, portos e ferrovias. Coutinho também destacou que o país deveria
avançar mais em investimentos relacionados ao Plano Nacional de Banda Larga.
"Isso não tem sido percebido por analistas, mas deve ser visto como fator de
indução de ganhos de produtividade", alertou.

Edição: Lana Cristina